Em fevereiro de 2013, o Boletim Focus, que reúne as projeções dos "principais economistas do mercado", previa crescimento do PIB de quase 4% ao ano para 2014, 2015 e 2016. Após o crescimento de 0,5% em 2014, a economia do país caminha para o segundo ano consecutivo de retração de quase 4%.
O desempenho pífio de 2014 instigou o "consenso" em torno das políticas econômicas que deveriam ser adotadas tempestivamente. Depois de conceder isenções fiscais para grandes grupos econômicos - a turma do pato - a política econômica brasileira deu um choque de tarifas, dobrou a taxa de juros e perpetrou um ajuste fiscal que concentrou cortes em investimentos públicos.
O mergulho depressivo iniciado entre o crepúsculo de 2014 e a aurora de 2015 pode ser apresentado como um exemplo do fenômeno que as teorias da complexidade chamam de "realimentação positiva" ou, no popular, "quanto mais cai, mais afunda".
A interação entre o choque de tarifas, a subida da taxa de juro, a desvalorização do real e o corte dos investimentos públicos determinaram a elevação da inflação em simultâneo à contração do nível de atividade e daí à restrição do crédito. O encolhimento do circuito de formação da renda levou inexoravelmente à derrocada da arrecadação pública.
A combinação entre choques negativos de oferta e seus efeitos sobre a renda agregada da economia suscitou um processo de "realimentação positiva" decorrente das reações de autoproteção das empresas, bancos e consumidores, estes ameaçados pelo desemprego.
As fábricas se encharcam de capacidade ociosa. Endividadas em reais e em moeda estrangeira, as empresas são constrangidas a ajustar seus balanços diante das perspectivas de queda da demanda e do salto do serviço da dívida. Para cada uma delas era racional dispensar trabalhadores, funcionários, assim como, diante da sobra de capacidade, procrastinar investimentos que geram demanda e empregos em outras empresas. Para cada banco individualmente era recomendável subir o custo do crédito e racionar a oferta de novos empréstimos.
Os consumidores, bem, os consumidores reduzem os gastos. Uns estão desempregados e outros com medo do desemprego. Assim, o comércio capota, não vende e reduz as encomendas aos fornecedores que acumulam estoques e cortam ainda mais a produção. As demissões disparam. A arrecadação mingua, sugada pelo redemoinho da atividade econômica em declínio. Isso enquanto a dívida pública cresce sob o impacto dos juros reais e engorda ainda mais os cabedais do rentismo caboclo.
As decisões "racionais" do ponto de vista microeconômico, prestam homenagem às falácias de composição que infestam os modelos macroeconômicos: o que parece bom para o 'agente individual', seja ele empresa, banco ou consumidor, é danoso para o conjunto da economia.
Comparando o terceiro trimestre de 2013 e 2016, a Formação Bruta de Capital Fixo sofreu uma queda de 28%, o consumo das famílias de 7% e o PIB de 7,8%. Pelos dados da Pnad Contínua, a taxa de desocupação que estava em 6,5% no último trimestre de 2014 alcançou 11,8% no trimestre encerrado em setembro de 2016, com 12 milhões de pessoas desempregadas. Esse é o pior resultado da série histórica.
Confrontando o trimestre de agosto a outubro de 2016 com igual trimestre de 2015, os dados do IBGE apontam uma elevação de 3 milhões de pessoas desocupadas na força de trabalho, um acréscimo de 32,7%. A massa de rendimento real habitualmente recebida pelas pessoas ocupadas em todos os trabalhos mostrou redução de 3,2%.
Os dados do IBGE apontam uma elevação de 3 milhões de pessoas desocupadas na força de trabalho, um acréscimo de 32,7%. A massa de rendimento real habitualmente recebida pelas pessoas ocupadas em todos os trabalhos mostrou redução de 3,2%.
De janeiro a setembro, a quantidade de pedidos de recuperação judicial cresceu 62% frente ao mesmo período de 2015, fruto do longo castigo imposto aos fluxos de caixa das empresas pela queda na demanda e restrições ao crédito. Nos primeiros nove meses do ano foram feitos 1.405 pedidos de falências no país. O número representa um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2015.
Keynes protagonizou o antagonismo às teorias de Hayek, mas como aponta Robert Skidelsky, foi um dos companheiros de Hayek quem apresentou um dos retratos mais mordazes a sua teoria. Segundo Lionel Robbins, independente da validade da explicação de Hayek para as origens da crise, a "cura" proposta era inapropriada como negar cobertores e estimulante para um bêbado que havia caído em uma lagoa gelada, baseado na concepção que o seu problema originalmente decorria de um superaquecimento.
Segundo Lionel Robbins, independente da validade da explicação de Hayek para as origens da crise, a "cura" proposta era inapropriada como negar cobertores e estimulante para um bêbado que havia caído em uma lagoa gelada, baseado na concepção que o seu problema originalmente decorria de um superaquecimento.
Segundo Lionel Robbins, independente da validade da explicação de Hayek para as origens da crise, a "cura" proposta era inapropriada como negar cobertores e estimulante para um bêbado que havia caído em uma lagoa gelada, baseado na concepção que o seu problema originalmente decorria de um superaquecimento.