Poupança: por que a preferida dos brasileiros está perdendo popularidade?

14/09/2016

Há anos economizar tornou-se sinônimo de guardar dinheiro na poupança. Seja pela segurança, comodidade ou facilidade de acesso, esta modalidade de investimento ganhou a preferência da população nos quatro cantos do país. O hábito de economizar é benéfico e deve ser incentivado amplamente. Contudo, investir na poupança é um dos grandes erros que muitos brasileiros ainda cometem.
 
As vantagens que muitos acreditam que a caderneta de poupança apresenta podem ser encontradas em outros tipos de investimentos. Aliás, em linhas gerais, a poupança não representa mais uma solução financeira interessante. Para ficar ainda mais claro: os pontos positivos que foram responsáveis por esta fama não são exclusividade da caderneta.
 
Exemplo disso é a sensação de segurança, que incentiva aplicações de poupadores de norte ao sul do Brasil. Neste quesito, CDB (Certificado de Depósito Bancário), Tesouro Direto, Letras de Câmbio, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) são algumas aplicações que também têm alto grau de segurança.
 
Isso porque esses investimentos são contemplados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que pode ressarcir o investidor em até R$ 250 mil caso haja algum imprevisto, como a falência de uma instituição financeira.
 
Outro benefício da caderneta que conquistou a lealdade dos poupadores é a liquidez. Ter acesso facilitado ao dinheiro aplicado é realmente uma boa vantagem. Assim, fica mais fácil resolver situações de emergência em que é preciso gastar mais do que o salário mensal. Todavia, não é apenas a poupança que oferece essa possibilidade. Alguns tipos de CDB e de Letras de Câmbio também permitem liquidez diária.
 
O terceiro aspecto sobre a poupança é a rentabilidade. O baixo custo, a simplicidade e a possibilidade de ver o dinheiro render fizeram com que ela ganhasse muitos adeptos. Hoje em dia, porém, a inflação em alta tornou o rendimento poupança muito pouco vantajoso. No fim das contas, deixar capital parado ali significa perder poder de compra.
 
Isso ajudou outras modalidades de investimentos mais rentáveis a ganharem destaque entre os investidores. É por isso que a popularidade da caderneta vem perdendo força por aqui. Inclusive, há dados que comprovem ainda mais esse declínio.
 
Nos últimos oito meses deste ano, a poupança vem apresentando volume de retirada superior ao de aplicações. Entre janeiro e agosto, foram cerca de R$ 48,1 bilhões em saques. Ainda assim, a soma não é a maior registrada. Durante os mesmos meses de 2015, as retiradas totalizaram R$ 48,4 bilhões.
 
O ano de 2015 como um todo foi bastante ruim para a poupança. O volume total retirado durante os doze meses do período chegou a mais de R$ 53 bilhões. Este valor é o maior registrado desde o início da série histórica do Banco Central.
 
Outro fator que vem colaborando para a perda de popularidade da poupança é a diminuição do receio em relação a outros investimentos. Acesso à informação qualificada através da internet e a facilidade de investir por meio de interfaces online são alguns dos motivos que estão amenizando o medo de conhecer novos investimentos.
 
Aplicações vinculadas à taxa básica de juros, a Selic, e ao IPCA têm conquistado cada vez mais espaço. Títulos públicos, em especial os ofertados pelo programa do governo conhecido como Tesouro Direto, e os CDB’s são alguns dos maiores expoentes do interesse dos investidores.
 
Existe um benefício que faz esses investimentos ficarem ainda mais interessantes. Quem quer ver o dinheiro render tem a possibilidade usá-los como margem de garantia para comprar e vender ações na Bolsa de Valores. Deste modo, além de contar com a rentabilidade da renda fixa, o investidor pode potencializar seus ganhos negociando ativos de empresas renomadas, como PETR4 e VALE5.
 
Também dá para investir em contratos futuros, no dólar e em empresas norte-americanas. Já pensou em comprar ações de gigantes como a Apple, Coca-Cola e Amazon? A possibilidade de se tornar sócio de companhias renomadas internacionalmente contribui para que haja cada vez mais brasileiros investindo no Mercado de Ações.
 
A Bolsa de Valores, tida como privilégio de pessoas com maior poder aquisitivo, já está demonstrando um aumento expressivo de adeptos. Este ano, a BM&F Bovespa divulgou dados que comprovam isso. Entre 2002 e 2016, foram mais de 475 mil pessoas físicas cadastradas na bolsa brasileira. Isso corresponde a um crescimento de seis vezes.
 
O Mercado Financeiro, ainda muito marcado pela presença masculina, também está apresentando mudanças significativas. O número de mulheres registradas na Bovespa cresceu mais de oito vezes nos últimos 14 anos. Elas estão conquistando cada vez mais esse espaço e têm todo o potencial para saber como investir na Bolsa de Valores com sucesso.
 
Com tantas opções mais interessantes, é natural que a poupança perca grande parte de seus fãs. Com mais conhecimento e informação, os brasileiros estão começando a aprender que investir de forma inteligente é a melhor maneira de fazer o dinheiro trabalhar por você.

Fonte: Marcio Placedino